Ao longo dos anos integrar índices como o Dow Jones Sustainability Index (DJSI) foi valorizado pelo mercado, refletindo positivamente na imagem e no valor das ações. De 2011 a 2015 a Vale integrou o índice, saindo em 2016 após o crime ocorrido em Mariana/MG (05/11/2015).
O quanto a Vale realmente aprendeu e incorporou em seus processos de tomada de decisão critérios socioambientais?
Quando estamos cuidando do processo de desenvolvimento de uma criança para se tornar adulta, falamos muito sobre escolhas e responsabilidade. Um importante preparo para a vida adulta é entender as consequências das ações e ter consciência de sua autorresponsabilidade.
O “R” da responsabilidade social empresarial (RSE) foi um chamado às empresas para alterar o modo como enxergavam a sociedade. Um convite à mudança na mentalidade empresarial, relacionado a uma concepção democrática da sociedade, onde a responsabilidade pelo desenvolvimento e manutenção de uma sociedade saudável não é só do Estado, é também das empresas e organizações da sociedade civil. Este era o verdadeiro tripé. Mas nem o palatável tripé cunhado há 25 anos pelo inglês John Elkington — o famoso tripple botton line, que pregava o equilíbrio ambiental, social e econômico na estratégia das operações corporativas — foi efetivo. No ano passado ele próprio clamou por um recall do termo e da proposta, num reconhecimento que as corporações o transformaram no “monopé” do bottom line convencional, o financeiro. O tripé como foi “vendido” fracassou.
Não dá para querer ser sustentável sem assumir suas responsabilidades. Não é possível lidar com suas responsabilidades guardando seus esqueletos no armário. Agora esqueletos de vidas humanas.
No vale tudo pra surfar a onda, os conceitos se esvaziaram, viraram greenwashing e agora estão soterrados pela lama. Agora nada valem. Em tempos de clamor por um mundo liberal e desestatizado, como estará o mundo onde as empresas têm o senso de responsabilidade como os que têm hoje?
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