Na semana anterior, participamos do 2º Diálogos Democráticos, evento organizado pela plataforma Pacto pela Democracia que tinha como mote discutir sobre a pergunta: Qual o papel dos partidos na democracia hoje? Não vamos explorar aqui os aspectos específicos do papel dos partidos. Queremos destacar o que foi apresentado como passos importantes de um novo jeito de fazer dessas organizações. Fizemos também correlações a partir da nossa trajetória profissional com a fala da professora de ciência política da Unicamp, Rachel Meneguello: para além do sistema eleitoral e reforma política é na organização interna dos partidos e instituições que precisa ocorrer a reforma.
Ouvimos de representante de um partido que, mais do que prestar contas, eles têm o desejo que as pessoas realmente compreendam os números apresentados e para isso contam com o apoio do Movimento Transparência Partidária para dar transparência às informações financeiras.
Em outra fala foi feita uma autocrítica sobre a real deliberação política, ressaltando o como decidir, que deveria ir além da coleta de opiniões. Uma deliberação genuína requer informações qualificadas e uma preparação do campo e dos participantes. Questionou-se, por exemplo, a forma que a política está utilizando as redes sociais. Mandatos eleitos fazem stories e se comunicam pelos seus perfis. Isso pode ser uma forma de comunicação, mas não de diálogo e participação. Os mandatos estão colando na novidade popular (até o presidente está), mas sem trazer a inovação para seus processos de construção, consulta e tomada de decisão que levem a deliberações genuínas. Nem com a sociedade, nem na sua atuação política, nem internamente.
Ao longo dos painéis ouvimos termos como transparência, accountability, compliance, governança, comunicação e como as instituições políticas precisam reverberar internamente o que já existe de boas práticas na sociedade. Nos chamou a atenção por serem jargões bem presentes e com bastante rodagem no mundo empresarial, onde temos 18 anos de experiência na inserção da pauta da responsabilidade social empresarial (RSE) e do desenvolvimento sustentável.
Elencamos aqui alguns outros elementos que fizeram parte da estratégia desse movimento e que podem inspirar esse futuro que emerge na política:
Por onde começar? Quando fazemos consultoria, iniciamos por um diagnóstico do contexto externo. A organização deve priorizar sua prática social, ambiental e ética naquilo que está mais esgarçado na sociedade e onde ela contribui negativamente.
Aplicando a mesma lógica, o que compõe o contexto externo de um ente político? Hoje vivemos uma polarização fractal. Uma das portas para os novos ventos na política pode vir da ação para criar laços de sociabilidade e convivência. Mas não há salvadores, não se reconstrói laços de convivência nos outros. E resgatando a fala da professora Rachel Meneguello é na organização interna dos partidos e instituições que precisa ocorrer a reforma.
É mais difícil para um congresso ou assembleia mudar, trazer novas práticas válidas para todo o sistema político, partidário, eleitoral. Mas pequenas células — mandatos? — podem fazer as vezes das áreas e departamentos de empresas que toparam experimentar um jeito novo rumo à uma visão que querem ver emergir.
Essa revolução da forma de conviver iniciará internamente, nessas pequenas células, respeitando, inspirando a mudança no sistema a partir da sua prática interna. Mudar internamente à despeito do sistema é a melhor forma de revolucionar.
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