Parceria tem de ter afeto

“Como funciona esse negócio de trabalhar junto, ter sócio?” Essa é uma das perguntas que nos chega com mais frequência, o que causa um certo estranhamento da nossa parte. A gente sabe que esse caminhar junto é cheio de desafios, mas esse questionamento vem acompanhado de um grande peso, que vai pra além das diferenças de jeitos de trabalhar, tomar decisões, quanto cada um ganha num trabalho. Recentemente um pedido de ajuda de uma pessoa conhecida nos deu elementos pra entender um pouco mais do que está por trás dessa pergunta e pra gente poder refletir mais sobre o que é uma parceria e o que faz ela funcionar bem. 

Maria nos contou sua história a fim de que olhássemos a situação a partir da nossa experiência para podermos ajudá-la na relação com Paula, sua parceira de trabalho num projeto (nomes fictícios). O contexto era o seguinte: Elas se conheceram num curso, se simpatizaram, viram sinergia no que faziam, começaram a pensar coisas juntas e um contato da Paula precisava de ajuda para fazer um projeto acontecer. Ambas falaram com a cliente, cada uma teve um contrato assinado e fizeram o piloto. Depois disso a cliente entrou em contato para uma etapa seguinte, com mais visibilidade e remuneração. Contudo, Paula, que tinha o contato original com a cliente, decidiu que seguiria sozinha dali em diante. Entre elas não tinha contrato nem acordos pré-estabelecidos. E agora? O que você sugeriria? Colocar advogados na história? Falar direto com a cliente? Tentar a todo custo seguir na próxima etapa do projeto? Apenas sugerimos a Maria que sente com Paula para avaliar o processo de forma que possa colher aprendizados sobre si e talvez para novas parcerias.

Essa história nos ajudou a entender mais das aflições que estão por trás da pergunta lá do começo do texto. O que parece que ficou claro na nossa conversa é que, para além das divergências de ideias e jeitos, a sensação de injustiça na relação de parceria é um dos destruidores desse modelo de atuação. Entram em cena aí outros sentimentos que impossibilitam restabelecer diálogo e confiança para continuar. E assim como num relacionamento amoroso, temos essa coisa de levar uma experiência ruim para quase todas as próximas que se seguem, no caso, as parcerias…

Mas o que mais nos chamou a atenção foi a reflexão sobre como parcerias de trabalho normalmente acontecem. A base da relação é produtiva, é unir forças, características e tecnicidades para virar trabalho. Vimos que aqui na Tistu essa não foi a premissa para estarmos junt@s. E também não é o direcionador das nossas parcerias. Somos amigos, gostamos de trabalhar com amigos, para amigos!  É preciso ter um laço afetivo e espiritual que nutra as relações e as iniciativas. Sem isso, a parceria se alicerça somente no material. Pra gente aqui, não pode existir matéria sem espírito e nem espírito sem matéria. Trabalhar junto requer algo a mais que sinergia ou soma de habilidades pra poder dar certo. Isso não diminui os desafios, mas é o que traz mais amorosidade para lidar com eles.

Não querer trabalhar solo é premissa desde o início da Tistu, nossa ideia sempre foi trabalhar com outras pessoas, nunca foi uma iniciativa solitária (ou de casal). Foram muitas as inspirações pra isso. Uma delas foi o querido Zé Bueno — sensei de Ai ki do e consultor — que nos contou de uma conversa com seu pai que disse que ele não se via como um Empire State Building, ereto pra cima, mas como um Maracanã, redondo, pros lados! Isso ressoa muito na gente até hoje. E é nesse espírito que em boa parte dos nossos trabalhos buscamos ter parcerias lado a lado com a gente e que em algum momento aconteceu a nossa multiplicação de dois para quatro sóci@s (eram cinco, mas essa história fica pra outro momento rsrs)!

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