Faz parte da visão da Tistu encorajar a espiritualidade por onde passamos. Por isso, nos chamou a atenção a notícia de que o físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser venceu o Prêmio Templeton 2019 (reconhecido como um Nobel da espiritualidade). Um dos destaques de seu trabalho é o foco em demonstrar que ciência, filosofia e espiritualidade não são contrárias ou inimigas, mas sim complementares no desafio de entendermos quem somos.
Para além de desvendar os mistérios e o desconhecido, como propõe Gleiser, nós também entendemos que a espiritualidade está na sutileza e subjetividade de como nos relacionamos com o que é vivo – seja consigo, com outras pessoas, animais, meio ambiente, o planeta como um todo.
Pelo olhar da antroposofia, observamos ao longo das épocas o distanciamento do ser humano de caminhos espirituais para podermos percorrer um caminho de individuação e desenvolver consciência com liberdade. Contudo, dogmas religiosos impuseram obstáculos dessa individuação. O caminho através da ciência a partir do século XV é a busca por respostas mais livres, seguindo a premissa de empirismo formulada por Francis Bacon: se não pode ser observado e medido, não existe. Chegamos aqui com base nessa ideia e entramos no século XXI tendo a ciência como uma espécie de religião moderna, mas que veio negando o aspecto espiritual de suas pesquisas e descobertas. O reconhecimento do trabalho de Gleiser, que aproxima esses dois mundos, pode ser uma das formas de readmitirmos a espiritualidade em nossas vidas, podendo nos redirecionar a um caminho de individuação e de liberdade, mas com objetivo de integração.
Nos últimos tempos, temos recebido mais chamados para facilitar reuniões difíceis e delicadas. São situações que muitas vezes envolvem uma tomada de decisão determinante para o rumo do grupo, mas que há conflitos velados que emergem. Em sua maioria, são ambientes desgastados por desentendimentos não cuidados ao longo do tempo. Independentemente do cenário, as questões estão sempre neste sutil das relações.
Com o aumento destes pedidos, percebemos que estamos servindo a esses grupos na busca dos saberes da alma, apoiando o processo de emergir a responsabilidade de cada indivíduo no cuidado para consigo e com o outro. Nossa atuação espiritual no mundo social está no despertar da consciência para as questões sociais, na busca da interdependência nas relações e no desenvolvimento dos indivíduos e iniciativas que atuamos.
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